Compaixão, afeto e gentileza: a mistura que dá certo

Parece simples e bom demais para ser verdade. Mas a grande questão é que sempre insistimos em acreditar que só conseguimos coisas boas através de atos e descobertas muito grandiosas. E esquecemos que nosso corpo foi projetado exatamente como deve ser, para viver tanto fisiologicamente quanto emocionalmente.

Rubem Alves, através das suas escritas ensinou-nos que sociedade boa se faz com bondade. Nada além disso. E bondade é atributo interno nosso, que deve ser ensinado aos pequenos através da convivência .Se formos analisar, os feitios mais atrozes que a humanidade já foi capaz de fazer, aliaram a inteligência e a ciência. A construção das bombas atômicas que arrasaram Hiroshima e Nagasaki, há um pouco mais de 70 anos atrás, é um bom exemplo. Creio que se o coração daqueles que se dedicaram a essa peripécia tivesse pleno de bondade, talvez não guardássemos essa memória na história dos homens que vivem nesse planeta.

E bondade é coisa simples e natural que vamos desaprendendo ao longo dos anos. Resgatá-la depois de desaprendida, essa sim é tarefa que exige treino.

O Richard Davidson, PhD em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência afetiva vem através das comprovações científicas concordar com Rubem Alves. Analisando as expressões do nosso DNA antes e depois de sessões de meditação em pessoas habituadas a isso percebeu claramente a diferença, colhendo amostras sanguíneas antes e depois de um intervalo meditativo de 2 horas. Ou seja, em apenas 120 minutos podemos mudar a expressão do nosso DNA. Isso é muito grandioso não? Sim. E a única ferramenta necessária somos nós mesmos, com um pouco de treino e paciência.

Depois de conhecer Dalai Lama, o neurocientista, incentivado pelo mestre tibetano, percebeu que virtudes como gentileza, compaixão e afetividade, intimamente ligadas à uma convivência mansa, equilibrada e saudável, também se manifestam no nosso corpo, em diferentes circuitos cerebrais. E desenvolveu técnicas para estimular essas virtudes em crianças.

Desde pequena aprendi a generosidade e a bondade com exemplos na minha família. E basta sermos humanos para saber que para construírmos uma sociedade saudável, devemos carregar em nós (e ensinar aos que chegam depois), as virtudes humanas e seus benefícios. Quem sabe agora, que a ciência conseguiu dar luz e transparência a aquilo que sabemos sem dados e números, possamos todos dar as mãos – desde os mais céticos até os mais espiritualistas – para nos aproximar da nossa sociedade em que sonhamos de forma comum..



Para todos aqueles que desejam pintar, esculpir, desenhar, escrever o seu próprio caminho para a felicidade.