A vaidade e o orgulho que ainda existem em nós

Por Regiane Reis

Todos gostamos de ser tratados com educação, respeito, boa vontade. Temos o entendimento de que também precisamos dispensar às pessoas o mesmo trato que gostaríamos de receber, a forma respeitosa no falar e a boa vontade no agir.

Claro que tudo isso não se confunde com a formalidade. Antes uma abordagem informal, mas sincera e com um ânimo positivo, a um tratamento formal e rude, portentoso nas palavras, mas com pouca intenção de ajudar e quase nenhuma disposição em realizar.

Sabemos disso. Sabemos também que, se quisermos realmente ajudar, precisamos entender as limitações do outro, simplificar o vocabulário, ter a humildade de nos colocarmos no lugar daquele que requer a nossa atenção. Simplificar, descer do salto com categoria, entendendo que às vezes é preciso ser menos para conseguir o mais.

Educação, respeito, boa vontade e simplicidade sem olhar a quem e da maneira como a situação exigir. Trata-se de um passo importante em nossa caminhada e a maioria de nós entende, perfeitamente, os valores de que estamos tratando.

O problema ocorre quando alguém quebra a regra e, não por coincidência do destino, somos a “vítima” do orgulho e menosprezo alheio.

Sentimentos inferiores são descobertos e aflorados em nós quando somos tratados com excesso de formalidade, sem boa intenção por parte de nosso interlocutor, quando alguém nos fala sem uma real vontade de nos ajudar, mesmo que tenhamos total razão naquilo que precisamos, quando somos estereotipados em torno de algum pré-julgamento que o outro nos faça, relacionado a algum dado exterior e sem importância que carregamos, mas não condizente com aquilo que somos, ferindo a nossa autoestima e maculando a nossa vaidade. Sim, a nossa vaidade.

Ficamos perplexos, com raiva, mas, na verdade, e pensando bem, não deveríamos ficar. Intimamente, sentimo-nos feridos naquilo que acreditamos possuir de mais íntegro, a nossa bela imagem perante nós mesmos e perante os demais, que foi invadida e usurpada por um alguém qualquer que mal nos conhece de fato.

Peraí, você sabe com quem está falando? É o que pensamos de maneira consciente ou inconsciente. Sabe quem eu sou? Quanto eu precisei passar, quanto eu me esforcei para chegar até aqui? E quem é você para me tratar assim, para me pré-julgar dessa forma? Esse tipo de sentimento negativo nos invade a alma, incitando-nos a uma autodefesa desnecessária. Afinal, quem é rei não perde a majestade, estando ou não na posse da coroa, independentemente dos títulos que conquistamos e do olhar julgador do outro.

Ao invés de cultivarmos a raiva que nos foi desencadeada ou, então, de nos sentirmos diminuídos perante a reprovação implícita no julgamento alheio, deveríamos analisar o motivo que nos levou a ter sentimentos tão desproporcionais. Não vale colocar a culpa no pretenso agressor. Sem dúvida, ele foi apenas o instrumento que o destino colocou em nosso caminho, e não por acaso, para que pudéssemos avaliar melhor os nossos próprios sentimentos e vibrações. Um instrumento para testar a força de nosso ego que nos impede de alçar voos mais largos em direção ao infinito.

Um ego vaidoso e orgulhoso que não admite a contrariedade a nossos desejos e à forma como queremos ser vistos pela sociedade. Talvez o olhar do outro seja apenas o reflexo de nós mesmos, alertando-nos sobre a excessiva vaidade que ainda carregamos e que não admite diminuição. Afinal, a dor que sentimos sempre possui uma causa. A raiva é apenas um sintoma, mostrando que algo em nós precisa melhorar.

O sentimento negativo ou pré-julgamento do outro é um problema dele. A nós cabe, tão somente, a mudança.

Há de se eliminar a vaidade nossa de cada dia, luta árdua interior de cada um de nós, antes que esse sentimento pernicioso contamine os espaços onde frequentamos, tornando os ambientes palco de brigas infinitas, todos inflamados com o seu próprio ego, situação infelizmente muito comum nos tempos hodiernos.



Para todos aqueles que desejam pintar, esculpir, desenhar, escrever o seu próprio caminho para a felicidade.