Ando devagar porque meu tempo não é igual ao de ninguém

Por Sil Guidorizzi

Ando devagar porque já tive pressa e hoje levo esse sorriso porque já chorei demais. (Lembrando Almir Sater)

Nesse vaivém de emoções dentro de furacões e tempestades passageiras, eu me ajeitei por dentro e agradeci todas as possibilidades de vida.

Acordei, passei a confiar mais em mim e no tempo justo de Deus.
Hoje já não me desmancho feito papel, já não borro tanto o olhar e o mantenho num tom menos avermelhado.

Gosto da sensação de proteção que me ronda, gosto de saber que não estou só.
Todas as linhas do coração, todos os desejos que afloram pertencem ao que levo comigo.
Quero alívio, quero paz, quero deitar a consciência no travesseiro e agradecer por tudo que recebi.

Foi-se o tempo em que achava a vida tão difícil, foi-se o tempo em que pensei em deixar de lutar pelos meus sonhos por imposição de quem quer que seja.

Ando devagar porque meu tempo não é igual ao de ninguém.

Depois que descobri que me agradar é melhor do que tentar agradar aos outros, descobri como as coisas mudaram e passaram a funcionar de modo diferente.

Elevei-me, descobri-me, encontrei-me, encontrei mais, ganhei mais humor, melhorei, encontrei mais sossego interno.

Ando devagar porque ninguém precisa saber o que vai aqui dentro e o que é necessário para que eu redescubra a vontade de cada dia reaprender a viver dentro das coisas mais simples.

A cada encontro com meu silêncio, vou agrupando o que não preciso mais e eliminando em forma de prece, tudo que incomoda.

Não sou de ir à forra; a vida se encarrega de tudo e eu não vou me carregar como se fardo eu fosse.

Meus pés por vezes doem, meu coração por vezes não se situa. Uma pequena gota transborda o que vai dentro.

As pessoas têm pressa. Muitas vezes, pressa nem sabem de quê. Caminham em eterna angústia como se nada as preenchesse.

O tempo de cada um está destinado; já está decidido pelo alto e é assim que os dias continuam.

Ando devagar porque já fui atropelada por sensações que antes não conhecia e me deixaram com sequelas irreversíveis, porque bati de frente com sentimentos e pessoas aos quais não compreendi o que realmente queriam na minha vida, como se houvesse um ponto cego onde não conseguisse realmente tocar a verdade do coração.

Continuo aqui tentando, explorando, tentando chegar mais perto da própria essência. Alguns rostos continuam inexpressivos, alguns sorrisos escondem dores profundas, alguns atrasos me adiantaram e me levaram para mais perto do que realmente deveria ter seguido. É preciso buscar a felicidade com pouco, é preciso aprender a rir mais de mim mesmo (a) e não levar tudo a ferro e fogo.

Ando devagar porque levei certo tempo para aprender a trabalhar mais minha alma, por vezes a portas fechadas, dentro da vontade momentânea de desaparecer.

Mas eu sempre volto, volto porque preciso de mim, volto porque, dentro do que foi traçado, ainda é preciso continuar. Sem apontar o dedo, sem ligar para o que pensam ou dizem.

Apenas aprendendo a ser mais tolerante, dando as costas ao que não me eleva em nada.
O que os outros fazem, e como agem, não é problema meu. Eu apenas tenho o dever de afastar o que não quero que me afete.

Valores que dignificam, aproximam pessoas. Gosto de relações saudáveis e da constante busca pela minha paz de espírito.

Costumo chamar isso de bem-estar, ou estar bem, dentro do próprio ser.



Para todos aqueles que desejam pintar, esculpir, desenhar, escrever o seu próprio caminho para a felicidade.