Jovem com doença raríssima se torna escritor reconhecido e afirma: ‘A deficiência não me define’

O argentino Matías Fernández Burzaco, de 23 anos, é jornalista, rapper e publicou dois livros em 2021, razão pela qual classifica seu ano como um sucesso. “Não consigo parar de criar, minha cabeça não para”, brincou.

O escritor sofre de fibromatose hialina juvenil, uma rara desordem de origem autossômica recessiva caracterizada por múltiplas contraturas e nódulos subcutâneos o que acarreta incapacidade funcional com respectiva queda na qualidade de vida.

Na FHJ não há comprometimento do desenvolvimento mental, mas é caracterizados por lesões papulonodulares na pele (face e crânio), hiperplasia gengival, contraturas articulares progressivas, retardo no crescimento, lesões osteolíticas e deposição de hialina amorfa na derme.

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Existem aqueles que não permitem que os limites os impeçam de perseguir seus sonhos. E Matías é um excelente exemplo disso.

Apesar de sua condição, que o impede de desenvolver sua vida com independência, uma vez que precisa de assistência 24 horas por dia, o jovem conseguiu alavancar uma carreira de sucesso.

De acordo com o jornal BBC World, menos de 70 pessoas no mundo possuem a FHJ.

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No ano passado, Matías publicou dois livros: a sua autobiografia “Formas próprias, diário de um corpo em guerra” e “Os acordados”, um conjunto de histórias das suas enfermeiras e cuidadores, com relatos independentes.

Além disso, ele teve a oportunidade de fazer sua primeira apresentação musical. Agora, seu próximo desafio é começar a atuar.

Seu trabalho, esforço e conquistas têm rendido bons comentários de importantes personalidades da literatura, como Leila Guerreiro. “Ele não olha o mundo com fragilidade mas sim com força, despeja-o nestas páginas peneiradas pela experiência intransferível de viver num corpo difícil, e tenta encontrar uma resposta a uma pergunta: como aguentas tudo isto?”, disse.

O jovem jornalista precisa de uma cadeira de rodas para se locomover permanentemente, precisa do cuidado de profissionais todos os dias, inclusive para comer ou ir ao banheiro.

Em entrevista à BBC World, Matías Fernández revelou muitos aspectos de sua vida, além do que é dito sobre ele na mídia.

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“Às vezes, em vários supermercados, escondia doces, chocolates e alfajores nas costas, deitava na cadeira e saía sem pagar. Eu jogo o PlayStation e ganho mesmo se não conseguir acessar todos os botões. Eu brinco a uma velocidade tão elétrica que não consigo respirar. Quando quero ir ao banheiro, agito minhas mãos. Se eles me fazem cócegas, grito para mamãe ou papai. Quando eles me perguntam o que está acontecendo com as meninas, eu coro e digo: acalme-se”, disse ele.

“Eles cortam minha comida pequena, mas eu gostaria de comer pedaços gigantes. Caí muitas vezes com a cadeira, de frente para o chão, mas nunca quebrei nada : o sangue salta, mas os nódulos protegem. Todas as noites, me pergunto se estarei vivo na manhã seguinte. Estou esquisito, estou deformado, vou contar tudo”, acrescentou ele no livro visceral.

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Ele também não tem vergonha de falar sobre sua condição. “Minha doença se chama fibromatose hialina juvenil, é genética e autossômica recessiva: meus pais, ambos, têm o gene da doença (…) A doença modifica todo o meu corpo e não me permite, entre outros, andar. Invade o corpo da pele, por dentro, por fora, e pareço um homem derretido”, disse.

“A doença não passa pelos órgãos vitais nem pelo sangue , não atinge o sistema nervoso ou hormonal . O cérebro funciona. Embora o corpo viva para não funcionar . Só são sessenta e cinco casos no mundo (…) Tenho vinte anos e meu corpo é do tamanho de um menino de seis anos. Um pequeno corpo. A doença não tem cura. Nem melhora”, completou.

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Fonte: BBC

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Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.