Julga-me! Mas passe por onde eu passei!

Por Catarina Z. Dias

Nossa vida é baseada em julgamentos de todas as formas e de todos os lados. Desde crianças, aprendemos a fazer inúmeras coisas e somos julgados a fazê-las sempre corretamente. Somos julgados a andar na linha, a evitar os erros e quando cometemos, até podemos ser condenados por essas falhas…por menores que sejam.

Pais, irmãos, amigos, cônjuges, chefes…independente de qualquer coisa, vivemos a vida para julgar e sermos julgados. Faz parte da natureza humana, algo intrínseco a nossa espécie julgar, ainda que sem base e argumentos sólidos para tal. E todo julgamento tem um preço.

O preço da acusação infundada, da crítica destrutiva e de conselhos que nem sempre nos auxiliam, mas mostram cada vez mais o quanto nunca estamos em condições de agradar da forma que esperam. Como lidar com julgamentos e não deixar que eles nos tirem o ânimo mas sejam um grande aprendizado? Vamos conversar um pouco a respeito.

Julgar X Condenar

É importante frisar antes de tudo, que o verbo julgar é uma coisa e condenar é outra e são coisas diferentes que geralmente são tratadas de igual forma. O ato de julgar é quando avalio, observo e opino sobre alguma coisa, dando meu parecer sobre um assunto, objeto ou pessoa e geralmente, não tenho a intenção de prejudicar mas sim analisar.

Condenar é um pouco mais profundo, pois é quando além de julgar eu concluo um fato e viso prejudicar, interferir e afirmar negativamente. Por exemplo, quando julgo que uma pessoa errou, posso acabar condenando a atitude dela e isso não é algo que está em minhas mãos para fazer, porém vou além do que acho, agindo radicalmente diante da situação.

No geral, costumamos confundir as duas coisas, dizendo que se julgo, logo condeno também, o que não é sempre verdade, porém por não sabermos sempre como definir nossas ações, acabamos classificando o ato de julgar como uma forma de condenação também e chegar a esse ponto, é que deve ser algo que devemos evitar para não causar conflitos.

Não aceite críticas destrutivas

Críticas fazem parte de nossa vida, pois a todo instante estamos recebendo correções e ouvindo conselhos e dicas de como agir e como falar. Até aí é algo totalmente aceitável, ainda que seja um julgamento. O problema é quando recebemos julgamentos que visam nos humilhar e nos fazer desistir…as críticas destrutivas.

Fique atento a comentários disfarçados de conselhos, dando a ideia de ser uma crítica construtiva. Ignore e se afaste de pessoas que sempre tentam te colocar pra baixo e que nunca te incentivam a ser melhor.

Calce meus sapatos

Não existe melhor argumento para se dizer aos juízes de plantão, que eles devem calçar nossos sapatos se quiserem entender o por que de determinadas atitudes que nós tomamos.

Existem pessoas que adoram nos menosprezar e apontar todos nossos erros detalhadamente, mas não analisam nosso passado e nem o por que de determinadas atitudes diante das situações.

Quando essas pessoas vierem falar algo contra sua conduta e que nem sempre é ruim, ofereça seu caminho para que elas andem e fale para que reflitam na vida que viveu até o momento. Certamente os julgamentos irão diminuir e haverá mais compreensão dessas pessoas.

Não de ouvidos para pessoas que erram mais do que você

É possível que você receba críticas e julgamentos de pessoas de todos os tipos, mas o pior sem dúvida é ouvir um julgamento de alguém que comete erros mais graves e com mais ocorrência do que você.

Ignore e se isso não for o suficiente, diga o quanto ela é hipócrita e se afaste. Existem pessoas que não conseguem ver as próprias falhas, mas estão sempre preparadas para apontar o erro alheio.

Diz um conto popular, que uma mulher olhava de sua janela todos os dias, as roupas da vizinha no varal, sempre criticando que os lençóis que deveriam ser brancos, estariam sempre encardidos.

Com o passar do tempo o marido observava seu julgamento, até que um dia a mulher olha pela janela e finalmente vê os lençóis branquinhos e diz ao marido surpresa, que finalmente a vizinha havia aprendido a limpar os lençóis e prontamente o homem diz que na verdade ele limpou a vidraça imunda, por onde ela olhava todos os dias.

Portanto, se analise primeiro antes de julgar qualquer outra pessoa, pois pode ser que o errado seja você.

Cuidado com os santos de plantão

Independente de religiosidade, muitas pessoas se julgam muito perfeitas e sábias, sempre com um ar de superioridade diante das outras pessoas e com argumentos de correção na ponta da língua.

Se afaste de qualquer pessoa que se ache menos pecador do que o restante da humanidade, pois geralmente esses são os que mais cometem pecados, porém sempre escondendo suas falhas para não serem pegos. No âmbito religioso, entenda que todos somos pecadores e precisamos nos corrigir diariamente e que não existem filhos mais queridos por Deus ou livres de cometer erros.

Quando o julgamento vêm de pessoas que mais amamos

Pode ser que julgamentos e condenações venham de pessoas próximas como pais, irmãos e cônjuge, e nesse caso, é preciso ter muito “jogo de cintura” e respeito, na hora de ouvir as críticas e não acabar tendo problemas de comunicação e relacionamento.

Ouça, reflita e responda com amor. Evite causar atritos, ainda que o que foi dito é algo que te feriu. Dependendo do assunto, leve na brincadeira e analise o quanto a pessoa te quer bem e o por que ela julgou daquela forma. O importante para manter a paz, é que haja entre vocês respeito mas sobretudo o amor.

Quando devemos ouvir os julgamentos

Apesar deste ser um artigo que confronta o ato de julgamentos sem provas e que beiram a condenação, não podemos deixar de frisar que existem julgamentos que nos ajudam a melhorar, principalmente se estamos levando nossas vidas em direção da destruição.

Drogas, relacionamentos abusivos, comportamentos inaceitáveis e coisas do gênero, são exemplos de situações onde o julgamento de outras pessoas, em especial de familiares, é benéfico pois visa o lado positivo e o sucesso da pessoa que recebe a crítica.

Avalie o quanto aquela pessoa que julga é importante para você e principalmente, o quanto ela te quer bem. Se esse julgamento vem acompanhado de ajuda e incentivo para você crescer e ficar bem, então vale a pena aceitar a crítica e buscar ser alguém ainda melhor.



Para todos aqueles que desejam pintar, esculpir, desenhar, escrever o seu próprio caminho para a felicidade.