Livre é quem não se prende às opiniões alheias

Por Pamela Camocardi

O conceito de liberdade sempre esteve ligado à ideia do poder de mudar o próprio destino, mais conhecido como o livre arbítrio. Porém, com o passar do tempo esse conceito sofreu modificações e a tal liberdade parece, atualmente, mais uma utopia do que algo a ser conquistado.

Temos a liberdade de ir e vir, mas não temos o dinheiro da passagem. Temos liberdade de morar sozinhos, mas não temos o dinheiro do aluguel. Temos liberdade religiosa, mas sofremos preconceitos quando expomos nosso ponto de vista. Temos liberdade em votar em quem quisermos, mas somos obrigados a votar. Então até que ponto somos verdadeiramente livres?

Para Sartre, a liberdade consistia na condição de vida do ser humano: o homem é livre por si mesmo, independente dos fatores do mundo e das coisas que ocorrem. Porém, a questão de liberdade ainda dá muita discussão, já que as pessoas sentem dificuldade em aceitar o que foge do padrão delas. O cabelo que não pode ser natural, o peso não pode passar dos 70 kgs, a roupa que não deve ser da coleção passada (até criarem um esteriótipo inalcançável de beleza). Somos livres por Constituição e presos pela opinião alheia.

Em uma discussão racional, se todos fossem iguais e tivessem o mesmo padrão de vida, muita coisa não faria sentido: o campeonato brasileiro de futebol não existiria, as bandas de rock se limitariam a uma e a São Paulo Fashion Week seria extinta imediatamente.

É preciso entender que o padrão de beleza não é o imposto. Bonito é ter caráter, ser honesto e ser feliz. Pronto. Alguns gostam de cor, outros não. Alguns se encontram do silêncio, outros no grito. Alguns gostam do verão, outros do inverno e tudo bem! São nas diferenças que crescemos e fazemos a vida seguir. Por que então ser diferente soa tão agressivo?

Se admitirmos que somos diferentes e que estamos no mesmo patamar de igualdade, teríamos motivos suficientes para nos envergonhar de atitudes discriminatórias. Liberdade é você defender seu ponto de vista, respeitando o próximo e entendendo que a sua opinião é apenas uma opinião, sempre existirão outras. Como dizia Simone de Beauvior: “que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.”

A conquista pela liberdade exige muito mais que o desejo em possuí-la. Ser livre é não ser escravo dos erros do passado, é não se culpar pelas coisas que não deram certo, é ser capaz de, verdadeiramente, se perdoar. Ser livre é ser honesto e entender que isso é uma obrigação, não uma qualidade. É encontrar os sonhos fora dos padrões impostos, é querer viver a própria essência, é entender que a razão sempre prevalecerá sobre o grito.

Liberdade tem mais a ver com dominar as próprias vontades do que viver todas elas. É ter coerência entre o sim e o não, é ter as ações condizentes com a moral, com o bom senso e com o respeito e usar isso em prol da boa convivência. Liberdade é um estado íntimo de paz e não um objetivo a ser alcançado.



Para todos aqueles que desejam pintar, esculpir, desenhar, escrever o seu próprio caminho para a felicidade.