Texto por Alessandra Piassarollo
Talvez isso já tenha até ficado óbvio demais, mas é provável que ainda não
tenha sido levado tão a sério.
Ou talvez sejam as pressões, surpresas e desencontros os responsáveis por esquecermos que a vida é mesmo assim. Nela, nada é definitivo. Nem a tempestade nem a bonança são eternas.
Quiséramos nós que as alegrias fossem permanentes. Quiséramos! Seria
magnífico se o passar dos dias não fosse deixando as pequenas alegrias para
trás; muito menos as grandes. Ou quiséramos nós que as tristezas durassem
apenas uma noite. Certamente adoraríamos poder acordar na manhã seguinte
e saber que nossas tempestades internas foram apenas isso e que desaparecerão sem deixar maiores estragos.
Mas é possível que a vida não alcançasse a mesma importância se fosse
assim. Ou a mesma graça. Não lutaríamos tanto para fazer acontecer, se a
alegria ficasse ali, todos os dias; certamente nos daríamos por satisfeitos e
completos, sem precisar de muito. Do mesmo modo, não teríamos força para
seguir em frente, se tudo se resumisse em dores que não tivessem a
possibilidade de serem superadas.
A vida é uma mescla, feita de felicidade e de dificuldades. É feita de dúvidas,
tropeços e arranhões, mas também é preenchida por conquistas, descobertas
e realizações. É certo que nem sempre é 50 a 50, que as porcentagens de um
e de outro nem sempre são equivalentes. Não há uma escala perfeita; a vida
não segue um plano básico para todos, e o bom e o mal não se intercalam
assim, pura e simplesmente.
Em algumas ocasiões, as durezas nos enfraquecem e nos deixam sem rumo.
É difícil levantar e seguir, quando as dores se derramam sobre nossas vidas.
Para esses momentos é que se torna indispensável lembrar de que “nada dura
para sempre, nem as dores, nem as alegrias. Tudo na vida é aprendizado.
Tudo na vida se supera.” (Caio Fernando Abreu).
Algumas pessoas não se lembram de que as alegrias não são permanentes. A
expressão tudo passa define perfeitamente o que a vida tenta, com muito
custo, nos ensinar. Há quem viva na soberba por se sentir por cima, sem a
consciência de que um dia viverá alguns “baixos” e que muito provavelmente
não estará preparado o suficiente para lidar com isso. Tudo isso pelo simples
fato de nunca ter admitido essa possibilidade. De outra forma, há quem viva de
cabeça baixa e ombros curvados porque não consegue ver a luz no fim do seu
túnel de problemas. Para os dois casos, é necessário ter em mente que tudo
muda, que nada é permanente, que não há bem ou mal que durem para
sempre.
É sensatez não esperar que a vida seja previsível, porque ela nunca será; é
sabedoria não desanimar diante das derrotas, dificuldades, erros ou
decepções. A dor pode nos tirar dos eixos por um tempo, mas ela coloca
nossas vidas em um outro patamar, na medida em que nos ensina e nos torna
mais fortes e resistentes.
A vida é, de fato, uma roda gigante, com a eterna missão de desafiar nossa
capacidade de nos tornarmos flexíveis ao seu movimento. Alguns baixos
sempre existirão, é verdade, e isso não se pode evitar. Mas quando em cima, a
vista sempre será bonita e prazerosa.
A vida é um fluxo surpreendente, deixemos ela se agitar. Sem medos nem
amarras, sigamos. Afinal, nada dura para sempre. Nada durará!
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